Bobo (RS)
- Bebê
- 6 de abr. de 2018
- 4 min de leitura
Estreia dia 13 de abril, sexta, 16h
Temporada nas sextas, sábados, domingos e segundas, sempre às 16h, até dia 30 de abril
Entrada franca - entrega de 90 senhas no local 1h antes da sessão

A vai!ciadeteatro apresenta, a partir de 13 de abril, dentro da programação do Teatro de Arena 50 anos, o espetáculo “Bobo”, uma investigação cênica em torno do processo de vir a ser um humano. Seriamente divertido, “Bobo” é um solo de Vinícius Meneguzzi, com direção e dramaturgia de João Pedro Madureira. Com graça, leveza e profundidade, Vinícius e João conduzem o público num percurso de descobertas, alegrias e brincadeiras. Enquanto a plateia é convidada a refletir, Bobo se descobre, descobre os outros que o rodeiam e o mundo em que vive.
Esta montagem é a primeira das duas peças que a vai!ciadeteatro apresenta em 2018 em comemoração aos seus dez anos de existência. Contemplado em edital público, o projeto Bobo+Calígula ainda promete, para o segundo semestre, a peça Calígula, com direção de João Pedro Madureira e dramaturgia e texto de Maria Luíza Sá e Madureira. As apresentações tem entrada franca e serão oferecidas oficinas com o diretor e a dramaturga, também com entrada gratuita (serviço abaixo).
O inferno são os outros? Como a subjetividade afeta a vida em sociedade? Como a cultura molda nosso desejo? O que podemos descobrir sobre a realidade social a partir de um estudo do poder e seu funcionamento nas relações da vida pública e da vida privada? Onde nasce a ordem que nos oprime? Em que momento perdemos o direito de espernear e passamos a desejar a contenção de nossa selvageria? O que é a civilização? Afinal, os outros podem ser o nosso maior paraíso? Esses e outros questionamentos permeiam o processo de criação desse novo projeto do grupo, que entra com toda a potência em 2018.
Outro motivo de comemoração, além dos dez anos do grupo, é participar das comemorações do Arena: 50 anos de resistência. O Teatro de Arena, espaço de resistência política por excelência em Porto Alegre, foi o primeiro a abrigar uma criação da vai!ciadeteatro, em 2009, com a temporada do espetáculo “Agora eu era”. A vai!ciadeteatro nasceu no Teatro de Arena e voltar a ele reafirma uma ideia e um modo de fazer teatro.
Somos sozinhos. Ainda assim, precisamos uns dos outros. Brincando em seu quarto, Bobo interage com brinquedos que dão vida a personagens de seu cotidiano. Na relação com a mãe, na chegada do irmão recém-nascido, do novo animal de estimação, no primeiro dia de aula com os colegas da escola, Bobo vai experimentando sensações e conhecendo-se pelos encontros com os outros, e inventando a si mesmo, e civilizando-se. Sem o encontro com a limitação que o outro impõe ao desejo, a palavra liberdade sequer teria significado. Bobo encena tais encontros, e os interroga. Lá onde nossa humanidade se inaugura é o paraíso. O inferno do outro é o nosso paraíso. E o nosso paraíso pode ser também o paraíso do outro. Tudo depende de nosso olhar.
Bobo é um espetáculo construído a partir da visualidade. A dramaturgia desenvolvida, que prescinde de texto e de falas, traz uma problematização do modelo de narrativa comumente oferecida às crianças. Bobo vem mostrar que é possível contar uma história e oferecer uma experiência teatral potente, valorizando a expressividade e o movimento, as sequências de ação e a manipulação de objetos cênicos, tornando esses aspectos mais que acessórios. Assim, abre-se espaço para que as crianças e também os adultos se tornem espectadores ativos e criativos, capazes de operar em códigos outros que não apenas o da linguagem falada. Existe aí um ato de reposicionamento de valores, para além da forma. Na sua dimensão política, este tipo de teatro procura desafiar o espectador a criar os nexos e atribuir significados próprios ao que está vendo, o que só pode vir a empoderar a todos na plateia, independente da idade. Ainda, a ausência de falas e a riqueza de imagens, por si só, tornam o espetáculo acessível para surdos, promovendo a inclusão de espectadores não falantes da língua portuguesa. Bobo pode ser compreendido (ou não) em qualquer lugar do mundo.
O cenário é feito de bonecos do tipo joão-bobo, com quem Bobo interage. O joão-bobo, uma pessoa de plástico, inflável, remete a alguém que não se submete, já que está sempre em pé, não deita, nem cai. Se empurrado, oscila, mas sempre volta a ficar de pé. Alguém, portanto, que não cede em seu desejo — mas que também não consegue sair do lugar sozinho. As ilustrações criadas especialmente para o material gráfico do espetáculo são do artista Alexandre Copês, vencedor do Prêmio Açorianos Revelação 2015.
Ficha técnica
Direção geral Bobo+Calígula: vai!ciadeteatro / Dramaturgia e direção: João Pedro Madureira / Atuação: Vinícius Meneguzzi /Concepção: João Pedro Madureira, Maria Luíza Sá e Madureira e Vinícius Meneguzzi /Direção de movimento: Brenda Villatoro / Direção de arte: Julia Deccache / Direção musical: Pedro Coelho e Thainá Gallo /Iluminação: João Fraga /Ilustrações: Alexandre Copês /Programação visual: Dídi Jucá / Fotos de divulgação: Maíra Barillo Teaser: Raphael Narciso e PJ Barra / Assessoria de imprensa: Bebê Baumgarten / Mídias sociais: Taidje Gut / Pré-produção: Alice Stepansky / Assistente de produção: Amanda Gatti / Mobilização de recursos: Marcela Rosário / Gestão de apoio: Cristiane Cubas /Confecção de cenário: Nice Tramontin / Confecção de figurino: Maria Amélia /Realização: vai!ciadeteatro / Parceria institucional: Cabaré do Verbo / Duração: 45min / Classificação: livre
Este projeto tem o financiamento do Governo do Estado do Rio de Grande do Sul / Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer / Pró-cultura RS
(Arte: Alexandre Copês)




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