top of page

Alexandre Vargas: Internacionalização das Artes Cênicas do RS


(Foto: Márcio Camboa)

O diretor artístico, coordenador geral e curador do Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre, Alexandre Vargas, lançou em dezembro o INTERCENA, programa de Internacionalização das Artes Cênicas do Estado do Rio Grande do Sul. O site já está no ar http://intercena.com.br/

Cênicas: Como surgiu a ideia desse projeto?

Alexandre Vargas: A partir de um olhar e de um processo de trabalho que se propõe a pensar as artes cênicas do país em relação ao seu contexto histórico, econômico politico e cultural, dentro de um processo de ampliação da presença desta arte no circuito internacional, capaz de construir novos usos e funções para além daqueles que lhe são atribuídas. São experiências que desenvolvi isoladamente dentro do Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre sobre essas relações – e negociações – entre artistas, instituições e investidores. Portanto a partir dessa reflexão de que os festivais de artes cênicas contribuem tanto para circulação de mercado interno como externo, ou seja, fomentam a distribuição de bens de produtos culturais no Brasil e exterior e formam um conjunto de atividades econômicas baseadas no conhecimento, com uma dimensão de desenvolvimento e que tem relação com os níveis macro e micro da economia é que criamos o INTERCENA. O projeto é um programa que trata de questões contemporâneas como a mobilidade transnacional e o acesso a mercados internacionais e expressa uma ótica de valor econômico diversificado e heterogêneo (Não concentrado e hegemônico). Além disso, viabiliza e fortalece o ecossistema cultural e criativo local, como uma plataforma para o ciclo de criação, produção e distribuição de bens e serviços das artes cênicas.

Cênicas: Como vai acontecer a capacitação para vinte e duas companhias de artes cênicas do Rio Grande do Sul.

Vargas: A capacitação será destinada a vinte duas companhias, grupos ou produtores profissionais de artes cênicas. Pede-se a participação de dois componentes de cada núcleo, sendo um mais ligado à criação e outro mais ligado à produção. Atividades expositivas e discussões com os participantes também fazem parte da formação, que desenvolverá ainda um planejamento estratégico para potencializar as ações de circulação de cada núcleo para todo o Brasil e outros países. Serão desenvolvidos alguns tópicos: Diagnóstico da circulação de espetáculos teatrais no território nacional e internacional. Exposição de rotas de circulação (festivais e salas). Apresentação dos principais festivais brasileiros e internacionais. Avaliação dos materiais expositivos dos espetáculos dessas companhias. Apresentação das várias formas de apresentação dos materiais. Os formatos das rodas de negócios e suas dinâmicas e o planejamento estratégico para a circulação.

Cênicas: Como funciona a Rodada de Negócios?

Vargas: É o momento do encontro entre programadores/curadores de festivais nacionais e internacionais e artistas. A ação é significativa, pois vai ao encontro das novas políticas culturais - em sua dimensão econômica - criando espaço e ambiência propícios para a interlocução entre artistas e agentes culturais diversos, projetando o teatro realizado no Rio Grande do Sul. Aproveitamos a presença dos Curadores, Programadores, Coordenadores dos Festivais Nacionais e Internacionais que integram o seminário do INTERCENA, e aproximas das vinte e duas companhias que participaram da capacitação, com a finalidade de ver, conhecer e receber o portfólio dos artistas do Rio Grande do Sul. A intencionalidade é a fruição e difusão da produção de Artes Cênicas (Circo, Teatro e Dança) do Rio Grande do Sul.

Cênicas: O 1ª Seminário Internacional Sobre Festivais de Artes Cênicas já tem as mesas definidas? Quais assuntos serão abordados? Quais convidados?

Vargas: São quatro temas ao todo, sendo eles: a) Festivais e Economia; b) Festivais e suas curadorias; c) Festivais Internacionais X Festivais Nacionais e e) Políticas Culturais para os Festivais de Artes Cênicas. Como convidados estão previstos os seguintes Festivais Internacionais: a) Santiago A Mil do Chile, b) FIBA – Festival de Buenos Aires, c) Feira de San Sebastian da Espanha, d) Festival de Córdoba, e) Festival Grec de Barcelona, f) Festival de Cadiz da Espanha, g) Festival Miami, h) Festival de Manizales e Ibero-Americano de Bogotá da Colombia, i) Festival de Valadolid e j) Fira de Tárrega da Espanha. Nacionais: Festival Janeiro de Grandes Espetáculos de Recife-PE, Filo-Festival Internacional de Londrina-PR, Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto-SP, Festival Porto Alegre Em Cena-RS, Festival Internacional de Teatro de Rua de Porto Alegre-RS, Festival de Teatro de Bonecos de Canela-RS, Festival Tempo-RJ, Cena Contemporânea Festival-Brasília, Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia-BA, Festival de Teatro de Curitiba-PR, Mit-SP Mostra Internacional de Teatro de São Paulo-SP, Festival Mirada do SESC/SP-SP, Festival do Teatro Brasileiro-Brasilia, Festival Nordestino de Guaramiranga-CE, Festival de Teatro Lusófono-PI, Festival Isnard Azevedo-SC, MIT-PB Mostra Internacional de Teatro da Paraíba-PB, FILTE- Festival Latino Americano de Teatro da Bahia-BA e FIT-BH Festival Internacional de Teatro de Belo Horizonte-MG. Além de convidados institucionais, patrocinadores e Universidades.

Cênicas: Como vai acontecer o apoio para Cias de Artes Cênicas ou Festivais para o intercâmbio das produções cênicas?

Vargas: O apoio é financeiro para parte do custeio de carga ou passagem aérea dessas companhias participarem dos festivais que se interessarem pelas suas produções. A carga e as passagens aéreas são os maiores empecilhos para a circulação. A intencionalidade dessa ação é estimular os festivais a contratarem as cias do Rio Grande do Sul.

Cênicas: As pesquisas sobre festivais que estão realizando como dialoga com o Intercena? Já tens alguns dados que serão abordados durante o Intercena?

Vargas: Sim, elas representam um amadurecimento do setor. A partir de 2015 começamos (Rede Brasileira de Festivais de Teatro) a desenvolver o Sistema de Indicadores dos Festivais de Teatro do Brasil (SIFTB), é uma estrutura de avaliação para o setor através de indicadores. Hoje contamos com parceiros fundamentais como a Secretaria da Economia da Cultura do Ministério da Cultura, do Núcleo de Estudos em Economia Criativa e da Cultura da Universidade Federal do Estado do Rio Grande do Sul e o departamento de sociologia do instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da UFRGS, do Observatório dos Festivais e da Faculdade de Ciências Econômicas, da universidade Federal de Minas Gerais (Face/UFMG) e, mais recentemente, a Universidade Federal de Alagoas (responsável pelo mapeamento da cadeia produtiva das artes cênicas). Os resultados dessas pesquisas, ou do processo dessas pesquisas, serão apresentados no INTERCENA e elas compõem insumos teóricos e conceituais sobre a estruturação do Plano Nacional para os Festivais. Portanto auxiliam na implantação de um marco teórico e conceitual, asseguram a efetividade e a maximização de impactos dos festivais e ajudam a avaliar objetivos e políticas públicas estruturais para o setor. Os resultados das pesquisas são amplos e estão aparecendo em etapas. Serão abordados os dados sobre a natureza dos festivais, tempo de existência (são eventos continuados alguns com mais de 50 anos), orçamentos, distribuição de custeio, contratações (51 festivais nos últimos três anos tiveram uma contratação de 43.364 pessoas, sendo 11.286 diretas e 32.078 indiretas), número de espectadores (1.868.552) nesses 51 festivais, número de cias teatrais, mapa da mobilidade transnacional e mercados internacionais, pessoas atingidas nas ações formativas (100% dos festivais possuem ações de formação), recursos incentivados captados e não captados, a relação entre Leis de Incentivos, Estatais e os Festivais. Essas pesquisas apontam questões que são significativas para estruturar o setor como a fundamentação de uma agenda em Economia da Cultura e Indústrias Criativas para os festivais de teatro no Brasil. O desenvolvimento de políticas pró-empreendedorismo para os festivais de teatro. Reestruturação de incentivos ao setor (Instrumentos institucionais, modelos de negócios nascentes e ativação de mercados). Mapeamento das cadeias produtivas dos festivais. Desenvolvimento e estruturação de política fiscal para os festivais. Fomento aos festivais como plataformas de internacionalização no âmbito comercial e estratégico par o país. Conjugação das pesquisas com as informações quantitativas no âmbito da análise de indicadores e base de dados setoriais da cultura brasileira.

(Foto: Márcio Camboa)

TAG
Nenhum tag.
bottom of page