PEQUENICES: IMAGENS EM AÇÃO
- Bebê Baumgarten
- 4 de nov. de 2017
- 2 min de leitura

Fui assistir Pequenices: minipeça viajante de dança (http://pequenices.art.br), na Sala Álvaro Moreyra, na cidade de Porto Alegre/RS, com concepção, criação e interpretação de Fernanda Bertoncello Boff. Um convite para viajar fazendo uso demasiado da imaginação.
E justamente a imaginação que me interessa para escrever este breve texto, a potência de um corpo que imagina, que produz novas imagens, que coloca em ação as imagens apresentadas = imagem + ação. Um corpo que dança e brinca “com” imagens. Em Pequenices, podemos nos sentir abraçados por uma proposta que trata do devir criança, do pequeno, do menor como condição para imaginar. Sejamos pequenos, pelos menos durante o espetáculo para tentar sentir a grandiosidade de uma pequenice. Pois é assim que as ações podem mobilizar imagens. Imagens mapeadas num itinerário de “faz de conta” que nem é tão “de conta” assim, pois é o que se dá naqueles instantes e que nos permitimos dançar com as imagens lançadas na paisagem, a qual só se vê, se nos colocarmos no exercício de imaginar.
A clareza explicitada das ações e palavras dos pequeninos e pequeninas que participam e fazem, junto com Fernanda, o espetáculo acontecer, nos mostra que somos tão comedidos que tantas vezes não nos permitimos imaginar e não falamos acerca de nossa imaginação. Então, para escrever esse texto esbarro no desafio pensar/escrever “com” o espetáculo e trazer algo que trate de despertar a imaginação de quem o lê, sem entregar imagens prontas, não sei se é possível.
Luzes, estrelas, mar, abismo, céu e muito mais... Imaginar paisagens e se aventurar por elas numa viagem dançada só é possível investindo na grandiosidade das pequenices. E não estou falando do clichê de buscar a criança interior que existe em nós, mas digo no vir a ser criança, nas forças das imagens que colocadas em ação nos fazem rir muito com tudo aquilo que parece só para criança. O espetáculo instiga a coragem dos pequenos e desafia adultos a brincar, sem lugares definidos... Crianças literalmente se jogam nessa viagem e se entregam ao percurso cheio de surpresas. Viajar, imaginar, brincar, dançar... Viver um corpo que coloca as imagens em ação e faz, dos pequenos momentos, cenas de um espetáculo que se faz, seriamente, brincando e dançando.
Wagner Ferraz é um dançante/artista, pesquisador, professor e editor. Doutorando no PPG em Educação e Ciências (UFRGS), Mestre em Educação, Pós-Graduado em Educação Especial, Pós-Graduado em Gestão Cultural e Graduado em Dança. Coordenador dos Estudos do Corpo, Revista Informe C3 e Coordenador Editorial da Canto.
foto: Martha Reichel Reus
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