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As trevas ridículas


Teatro pra mim é risco. Procuro sempre me surpreender com o teatro. Busco também me colocar no lugar de um espectador mais ativo, mais questionador e principalmente mais incomodado – no bom sentido – quando decido sair de casa e ir ao teatro. Gosto de acreditar que a arte é politicamente transformadora, pois tem o papel de nos fazer pensar. Sentir. Sonhar. E claro, ver o real cruel também. É um jogo com o outro, comigo e meus próprios pensamentos.

Essa tensão de espectador e plateia acontece no novo espetáculo de Alexandre Dill, "As Trevas Ridículas". Vale prestar atenção no que um coletivo de pesquisa consegue condensar em estética, entrega dos atores e ótimas soluções de encenação. O cenário, em composição bem pensada com a luz, dança nessa trilha muito bem executada ao vivo. Figurinos que pontualmente dialogam com as questões cruciais do texto. Uma bela pesquisa em teatro. Um belo grupo. E um mergulho em sofisticações criativas que torna-se resistência quando sabemos que o trabalho foi levantado através de uma iniciativa independente do Instituto Goethe aos artistas locais. Mais uma vez.

E temos que dizer, principalmente como espectadores, obrigado! Estar no teatro contemplando uma outra possibilidade artística com potência vale cada centavo. Mas eu, sinceramente, iria pelo simples fato de não querer deixar de fazer parte da atual discussão que se propõe com o projeto TRANSIT, que nos traz duas visões sobre o mesmo texto, em montagens diferentes (As Trevas Risíveis, do alemão Wolfram Lotz). Propostas para fomentar debates sobre o fazer teatral são sempre muito bem-vindas. Então: vá. Vá mesmo.

AS TREVAS RIDÍCULAS

Vinícius Meneguzzi é ator e um dos fundadores da Vai!ciadeteatro

(Foto: Pedro Mendes)

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